Vítima afirma estar transtornada e teme virar estatística. “Vejo um carro do modelo igual o dele e começo a chorar. Ele está acabando com minha vida”, desabafa
Traumatizada, uma vendedora de poncãs e paçocas não consegue mais trabalhar desde que um cliente passou a assediá-la no ponto onde ela trabalha, vendendo frutas na rua, em Campo Grande (MS). Após denunciar a importunação na delegacia, a mulher foi informada que os policiais “não têm o que fazer” para impedi-lo. Afastada do trabalho, a vítima está sem receber e todo o sustento da família vem de seu salário.
Ao Jornal Midiamax, a vendedora de 30 anos de idade relata que começou a sofrer assédio no dia 28 de maio. Desde então, o mesmo cliente foi até seu ponto de vendas diversas vezes, na Avenida Senador Antônio Mendes Canale, a fim de importuná-la.
Na primeira vez, logo após comprar um balde de poncãs, o homem se sentou ali mesmo, começou a chupar as frutas e jogar as sementes nas partes íntimas da vítima. Ao mesmo tempo, fazia insinuações sexuais em analogia ao consumo da poncã e ao corpo da vendedora. Antes de ir embora, ele ainda disse que ainda iria ter relações com ela.
Importunação recorrente
Abalada com a situação, a mulher não esperava que o cliente voltaria no mesmo dia e compraria mais um balde com as frutas. Mais tarde, ele retornou pela terceira vez e repetiu as insinuações sexuais, deixando a vendedora completamente assustada.
Com isso, a vítima pediu ao patrão para ser transferida a outro ponto de vendas e evitar o constrangimento. O pedido foi atendido, mas a nova vendedora que assumiu o ponto, sem saber o que havia acontecido, achou que se tratava de um parente e informou ao homem para onde a colega havia sido transferida. Em resposta, ele disse que iria até o local para vê-la, mas não chegou a cumprir a ameaça.
Dias depois, na quinta-feira (12), a vendedora vítima de assédio precisou voltar ao ponto original na Avenida Senador Antônio Mendes Canale e o autor, como ela previa, reapareceu. Sentindo-se intimidada e perseguida, a vítima então filmou tudo o que homem fez no local e apresentou as gravações na delegacia neste final de semana.
“Não quero virar estatística”, diz vendedora de poncãs vítima de assédio
Durante o registro do boletim de ocorrência, os policiais conseguiram descobrir a identidade do suspeito através da placa do carro, mas informaram à vítima que não podem fazer nada.
“Porque, pela lei, só vão dar um puxão de orelha nele, dizer pra ele não fazer mais isso e acabou. E esse cara acabou com a minha vida, eu não consigo ir trabalhar mais, pedi afastamento do serviço. Hoje eu fui trabalhar acompanhada em outro ponto e me deu crise de pânico, eu estou com medo. Vejo um carro do modelo igual o dele e começo a chorar, entro em pânico. Ele está acabando com minha vida”, diz ela à reportagem.
Desnorteada, a jovem não sabe como continuar pagando as contas e trabalhar em paz depois de tudo que aconteceu.
“Estou afastada do serviço, sem receber, e o sustento da minha família vem de mim. Eu não sei mais o que fazer, já dei parte duas vezes e a polícia disse que não tem o que fazer, ninguém faz nada. Esse cara ficou obcecado por mim igual aquele caso da Vitória, em São Paulo, eu não quero virar uma estatística. Estou em pânico, em pânico”, finaliza ela, pedindo ajuda.