Enfrentando sérias complicações de saúde e sem condições de se manter em seu habitat natural, onça viverá em cativeiro até o fim de seus dias
Animais resgatados pelo Cras (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres), em Campo Grande (MS), e impossibilitados de retornar à natureza costumam ir para o Bioparque Pantanal após o período de recuperação. Foi assim com a loba Delinha, a jiboia Rachel Carson, a píton albina Capitu e tantas outras diversas espécies que ganharam acolhimento no complexo após passarem por atendimento no órgão.
Há uma semana, o Cras de Campo Grande recebeu uma onça-pintada capturada no pesqueiro Touro Morto, no pantanal sul-mato-grossense. O animal é suspeito de ter atacado e devorado o caseiro Jorge Ávalo, em caso extraordinário envolvendo a espécie, e muita gente quer saber onde ele vai morar quando estiver devidamente reabilitado.
Seria o Bioparque Pantanal o destino do felino, seguindo a sina das cobras resgatas de um circo e da loba salva de um incêndio?

Onça ficará em cativeiro até o fim de seus dias
O que se sabe até então é que, assim como os demais animais mencionados, a onça-pintada suspeita de matar Jorginho não voltará para a natureza. Enfrentando sérias complicações de saúde e sem condições de se manter em seu habitat de origem, o felino viverá em cativeiro até o fim de seus dias.
Agora monitorado pelo ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), “o animal deverá ser destinado a uma instituição mantenedora de fauna apta a recebê-lo”, conforme informado pelo órgão ambiental em nota.

Em Mato Grosso do Sul, o Bioparque Pantanal é uma das principais instituições mantenedoras de fauna e já está habituado a receber exemplares vindos do Cras. Questionado pelo Jornal Midiamax se há alguma possibilidade de abrigar a onça-pintada quando ela estiver em plena saúde, o complexo responde:
“O Bioparque Pantanal informa que não recebeu nenhuma demanda formal relacionada ao acolhimento de onça-pintada. De acordo com as normativas, os nossos recintos não comportam animais do porte da onça-pintada, o que contrariaria nossas normas de bem-estar animal“, esclarece o empreendimento, salientando que o felino não deverá ser realocado no local em Campo Grande.

Captura da onça após morte de caseiro
O animal em questão é um macho de aproximadamente 9 anos e 94 quilos, considerado magro para a espécie. A captura aconteceu na madrugada do dia 24 de abril, três dias depois do caseiro ser atacado no Pantanal sul-mato-grossense, nos arredores da casa onde ele morava. Cerca de 10 militares participaram da ação.
No entanto, a polícia reforça que não é possível afirmar que foi esta a onça que matou Jorginho. “Capturamos porque era a que estava rondando a casa, está magra e abatida. Mas como ele (o caseiro) foi arrastado para o mato, outros animais podem ter atacado e comido”. Além disso, a PMA (Polícia Militar Ambiental) já havia dito que mais exemplares da espécie circulam pelo local.

Onça tem anemia, problemas renais e intestinais
Uma semana após ser capturada, a onça-pintada segue em atendimento veterinário no Cras (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres), debilitada e sob cuidados por ter sido encontrada “combalida”, segundo nota divulgada pelo Governo do Estado.
Ultrassom abdominal mostrou alterações agudas no fígado e nos rins do felino, que não indicam — neste momento — insuficiência dos órgãos, além de indicar que o exemplar está com anemia leve.
“O animal apresenta desidratação, alterações hepáticas, renais e gastrointestinais. Para concluir o diagnóstico do estado de saúde, os veterinários aguardam laudos e resultados de exames complementares — de raio-x, ultrassom e hemograma — para uma melhor avaliação”, aponta a nota.
