Mãe da vítima tem sido atacada nas redes sociais por postagem de felicitação ao genro, feita meses antes do crime
Internautas revoltados com o duplo feminicídio de Vanessa Eugênia Medeiros, de 23 anos, e da filha, Sophie Eugênia Borges, de apenas 10 meses, passaram a resgatar comentários antigos feitos pela mãe da vítima nas redes sociais do autor do crime, João Augusto Borges, de 21 anos, e transformaram essas mensagens em alvos de ataques.
Os comentários, feitos semanas ou meses antes do crime, eram gentis e demonstravam afeto da avó em relação ao então genro. Em uma publicação de setembro de 2024, onde João atualiza o estado civil para “noivo”, a mãe de Vanessa escreveu desejando bênçãos para o casal.
O comentário, que à época expressava carinho e apoio, passou a ser duramente criticado desde esta segunda-feira (26), data em que o feminicídio veio a público. “Deus nunca vai abençoar”, escreveu uma internauta em resposta à mensagem da mãe da vítima.
“Deus tem que fazer justiça, isso sim”, disse outra. Os ataques ignoram o contexto temporal dos comentários, feitos meses antes da tragédia.
Diante da onda de ódio, alguns internautas tentaram intervir. “Essa é a mãe dela, gente, respeitem. Isso foi no início do relacionamento”, comentou uma usuária. “Olha o sobrenome, ela é mãe e avó das vítimas! Tenham respeito! Olha a data que ela escreveu, muito antes do fato”, alertou outra.
As redes sociais de João Augusto também foram tomadas por comentários de revolta. Após a divulgação do caso, centenas de mensagens passaram a ser publicadas em suas fotos e postagens antigas.

O caso
João Augusto Borges matou Vanessa e a filha do casal, Sophie, com golpes de mata-leão e esganadura na tarde de segunda-feira (26). Segundo a investigação, ele cometeu os assassinatos durante o horário de almoço e, depois, retornou normalmente ao trabalho, cumprindo o restante da jornada como se nada tivesse ocorrido.
Já à noite, ao retornar à residência no bairro Jardim São Conrado, em Campo Grande, percebeu que os corpos estavam exalando mau cheiro. Diante disso, decidiu se livrar dos cadáveres. Colocou os corpos no carro e dirigiu até uma região de mata no bairro Indubrasil, onde os jogou, ateou fogo e fugiu.
A Polícia Civil chegou até João após cruzar informações, incluindo nomes de familiares, como o do pai do suspeito. Na manhã seguinte, ele foi localizado na 6ª Delegacia de Polícia Civil, onde se preparava para registrar um boletim de ocorrência sobre o suposto desaparecimento das vítimas.
Confrontado com os fatos, João Augusto confessou o crime. Disse que os assassinatos ocorreram devido a problemas no relacionamento e por não querer pagar pensão alimentícia após a separação.
Ele foi preso e vai responder por duplo feminicídio qualificado e destruição de cadáveres. O caso segue em investigação.