Deputado expõe repasse bilionário à CCR e cobra providências sobre paralisação das obras
A Federação Interestadual dos Trabalhadores na Movimentação de Mercadorias de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso (Feintramag) pediu a suspensão imediata da cobrança de pedágio na BR-163 até que a concessionária CCR MSVia retome e conclua as obras previstas no contrato de concessão. O pedido ocorre após a revelação do deputado estadual Junior Mochi (MDB) de que a empresa já recebeu R$ 3,9 bilhões em recursos públicos, mas investiu menos da metade desse valor na rodovia.
Mochi criticou a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) por ter realizado uma audiência pública sem convidar parlamentares estaduais e questionou a aprovação de um novo contrato com a CCR.
“Aprovar a repactuação é premiar a inadimplência”, afirmou o deputado durante sessão da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul.
Bilhões em repasses, obras paradas – A concessão da BR-163 foi assinada em 2014, com a previsão de que a rodovia seria duplicada em cinco anos. No entanto, dez anos depois, as obras seguem paralisadas em grande parte dos trechos. Enquanto isso, a CCR arrecadou R$ 3,6 bilhões com pedágios e investiu apenas R$ 1,8 bilhão na rodovia, segundo dados levantados por Mochi junto à ANTT.
Deputado estadual Junior Mochi (MDB) discursa na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, cobrando transparência sobre os repasses à CCR MSVia e a paralisação das obras na BR-163
O deputado listou os repasses que a empresa recebeu desde o início da concessão:
- R$ 646 milhões (2014) – BNDES
- R$ 248 milhões (2015) – BNDES
- R$ 2 bilhões (2016) – BNDES
- R$ 527 milhões (2016) – Caixa Econômica Federal
- R$ 210 milhões (2016) – Outros repasses
- R$ 147 milhões (2016) – BNDES
- R$ 107 milhões (2017) – Outros repasses
Mesmo com esse montante, a duplicação segue inacabada e os motoristas continuam enfrentando pistas estreitas e perigosas. “Os acidentes continuam acontecendo, tirando vidas e causando sofrimento para muitas famílias”, destacou o sindicalista José Lucas da Silva, presidente da Feintramag.
Federação exige suspensão do pedágio – Diante do atraso nas obras e da falta de transparência no uso dos recursos, José Lucas defende que o governo estadual tome medidas imediatas.
“É inaceitável que a CCR MSVia continue lucrando bilhões enquanto vidas seguem sendo perdidas por falta de infraestrutura. No mínimo, o Governo de Mato Grosso do Sul deveria suspender a cobrança do pedágio até que a empresa cumpra com suas obrigações contratuais”, afirmou.
A Feintramag cobra ainda a construção de um anel rodoviário para desviar o trânsito de cidades como Bandeirantes, São Gabriel do Oeste, Coxim e Rio Verde de Mato Grosso, além da retomada das obras de duplicação.
Sindicalista José Lucas da Silva, presidente da Feintramag, exige a suspensão do pedágio na BR-163 até que a concessionária retome as obras de duplicação da rodovia
Novo contrato e possível mudança de concessionária – A CCR MSVia está completando dez anos à frente da BR-163, mas pode perder a concessão. A ANTT já autorizou a realização de um novo leilão, marcado para 22 de maio, que pode permitir a entrada de uma concorrente.
A reformulação do contrato prevê R$ 17 bilhões em investimentos ao longo de 29 anos, incluindo:
- Duplicação de 203 km da rodovia
- Construção de 147 km de faixas adicionais
- 99 viadutos e 22 passarelas
- 144 pontos de ônibus e 56 passagens de fauna
Apesar das promessas, o histórico de descumprimento do contrato pela CCR gera desconfiança. “Não podemos aceitar mais uma década de promessas não cumpridas”, alertou Mochi.
A pressão da Assembleia Legislativa e da Feintramag agora recai sobre os governos estadual e federal, que precisam decidir se mantêm a cobrança do pedágio enquanto a rodovia segue sem as melhorias prometidas.