Bandeirantes/MS, 27 de abril de 2025

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“Inaceitável que continuem lucrando”: pedágio na BR-163 deve ser suspenso, diz federação

Pedágio da CCR MSVia na BR-163 - (Foto: Divulgação)

Deputado expõe repasse bilionário à CCR e cobra providências sobre paralisação das obras

A Federação Interestadual dos Trabalhadores na Movimentação de Mercadorias de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso (Feintramag) pediu a suspensão imediata da cobrança de pedágio na BR-163 até que a concessionária CCR MSVia retome e conclua as obras previstas no contrato de concessão. O pedido ocorre após a revelação do deputado estadual Junior Mochi (MDB) de que a empresa já recebeu R$ 3,9 bilhões em recursos públicos, mas investiu menos da metade desse valor na rodovia.

Mochi criticou a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) por ter realizado uma audiência pública sem convidar parlamentares estaduais e questionou a aprovação de um novo contrato com a CCR.

“Aprovar a repactuação é premiar a inadimplência”, afirmou o deputado durante sessão da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul.

Bilhões em repasses, obras paradas – A concessão da BR-163 foi assinada em 2014, com a previsão de que a rodovia seria duplicada em cinco anos. No entanto, dez anos depois, as obras seguem paralisadas em grande parte dos trechos. Enquanto isso, a CCR arrecadou R$ 3,6 bilhões com pedágios e investiu apenas R$ 1,8 bilhão na rodovia, segundo dados levantados por Mochi junto à ANTT.

Deputado Junior Mochi, autor da proposta, discursa em sessão plenária na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do SulDeputado estadual Junior Mochi (MDB) discursa na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, cobrando transparência sobre os repasses à CCR MSVia e a paralisação das obras na BR-163

O deputado listou os repasses que a empresa recebeu desde o início da concessão:

  • R$ 646 milhões (2014) – BNDES
  • R$ 248 milhões (2015) – BNDES
  • R$ 2 bilhões (2016) – BNDES
  • R$ 527 milhões (2016) – Caixa Econômica Federal
  • R$ 210 milhões (2016) – Outros repasses
  • R$ 147 milhões (2016) – BNDES
  • R$ 107 milhões (2017) – Outros repasses

Mesmo com esse montante, a duplicação segue inacabada e os motoristas continuam enfrentando pistas estreitas e perigosas. “Os acidentes continuam acontecendo, tirando vidas e causando sofrimento para muitas famílias”, destacou o sindicalista José Lucas da Silva, presidente da Feintramag.

Federação exige suspensão do pedágio – Diante do atraso nas obras e da falta de transparência no uso dos recursos, José Lucas defende que o governo estadual tome medidas imediatas.

“É inaceitável que a CCR MSVia continue lucrando bilhões enquanto vidas seguem sendo perdidas por falta de infraestrutura. No mínimo, o Governo de Mato Grosso do Sul deveria suspender a cobrança do pedágio até que a empresa cumpra com suas obrigações contratuais”, afirmou.

A Feintramag cobra ainda a construção de um anel rodoviário para desviar o trânsito de cidades como Bandeirantes, São Gabriel do Oeste, Coxim e Rio Verde de Mato Grosso, além da retomada das obras de duplicação.

O sindicalista José Lucas da Silva, presidente da Federação Interestadual dos Trabalhadores na Movimentação de Mercadorias de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso (FEINTRAMAG MS/MT) (Foto: Divulgação)Sindicalista José Lucas da Silva, presidente da Feintramag, exige a suspensão do pedágio na BR-163 até que a concessionária retome as obras de duplicação da rodovia

Novo contrato e possível mudança de concessionária – A CCR MSVia está completando dez anos à frente da BR-163, mas pode perder a concessão. A ANTT já autorizou a realização de um novo leilão, marcado para 22 de maio, que pode permitir a entrada de uma concorrente.

A reformulação do contrato prevê R$ 17 bilhões em investimentos ao longo de 29 anos, incluindo:

  • Duplicação de 203 km da rodovia
  • Construção de 147 km de faixas adicionais
  • 99 viadutos e 22 passarelas
  • 144 pontos de ônibus e 56 passagens de fauna

Apesar das promessas, o histórico de descumprimento do contrato pela CCR gera desconfiança. “Não podemos aceitar mais uma década de promessas não cumpridas”, alertou Mochi.

A pressão da Assembleia Legislativa e da Feintramag agora recai sobre os governos estadual e federal, que precisam decidir se mantêm a cobrança do pedágio enquanto a rodovia segue sem as melhorias prometidas.

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