(Bloomberg) — Alguns processadores chineses de soja estão abandonando contratos de compra do Brasil já que um salto repentino nos preços de exportação do maior fornecedor do país asiático tornou a moagem não lucrativa.
Cerca de 10 cargas do Brasil foram canceladas desde a semana passada em um movimento conhecido como ‘washout’, segundo pessoas a par do assunto. Em um ‘washout’, nenhuma entrega física é realizada em acordo do comprador e do vendedor.Receptor libera 400 canais sem cobrar mensalidadePublicidadePublicidadeReceptor HDTV

Isso ocorre depois que as margens de esmagamento de soja da China ficaram negativas e os prêmios de exportação subiram no Brasil devido a uma seca que dizimou a colheita no maior produtor do mundo, disseram as pessoas, que pediram para não serem identificadas porque a informação é privada.
As perspectivas para a safra do Brasil se deterioraram após semanas de clima seco, com analistas cortando repetidamente as estimativas para uma colheita em que a previsão inicial era de que fosse recorde. Os importadores buscaram adquirir soja americana, com o ritmo das exportações norte-americanas crescendo em uma época do ano em que as cargas brasileiras normalmente dominam. Os futuros de Chicago, um índice de referência, subiram próximos a uma máxima em oito meses.
Os processadores chineses estão perdendo cerca de US$ 20 a tonelada na soja importada no momento, disseram as pessoas. Os compradores provavelmente adiarão os planos de compra de todos os suprimentos no exterior, acrescentaram.
A China, o maior importador mundial de soja, é especialmente vulnerável às pressões inflacionárias decorrentes da alta vertiginosa dos preços da oleaginosa. O país possui a maior indústria de suínos do planeta e depende fortemente do fornecimento externo de soja para sua indústria de processamento, que produz farelo para ração suína e óleo de cozinha.
“As margens estão ruins, os preços do suíno estão terríveis e as pessoas não querem comer um monte de comida”, disse Darin Friedrichs, cofundador e diretor de pesquisa de mercado da Sitonia Consulting, provedor de serviços de informações agrícolas com sede na China.
Os preços do suíno vivo caíram pela metade no ano passado, instigando Pequim a planejar comprar carne suína para reforçar as reservas estatais.