O sonho do bicampeonato olímpico de Ana Marcela Cunha na maratona aquática foi adiado: a brasileira foi apenas quarta colocada na etapa feminina nos Jogos de Paris, nesta quinta-feira, vencida pela agora duas vezes campeã Sharon van Rouwendaal – ouro no Rio em 2016. A holandesa desbancou a australiana Moesha Johnson no final da prova; a italiana Ginevra Taddeucci foi a terceira. Ana Marcela representou o Brasil no rio Sena ao lado de Viviane Jungblut, 11ª colocada.
Ana Marcela abriu a prova em 20º, ganhou ritmo nas voltas iniciais e manteve-se entre as seis mais rápidas – chegando a completar a primeira volta e meia no top 3. Já na parte final da disputa, ela sustentou a quarta colocação mas sem conseguir a aproximação necessária de Taddeucci.
Viviane, que começou em quarto, perdeu algumas posições na água e apesar da queda de ritmo, seguiu entre as dez primeiras colocadas até o fim.
Johnson começou a prova da primeira posição e recuperou-se após ser superada, momentamente, nos dois primeiros quilômetros. Ela, porém, não manteve uma vantagem tão grande sobre van Rouwendaal, beirando 2s – assim, a holandesa pôde superá-la no fim da prova.
A diferença para o resto das competidoras foi maior: a partir do quarto lugar de Ana Marcela, cresceu de 20s para 34s, embora a brasileira tenha corrido atrás da desvantagem nos últimos quilômetros.
Ana era a principal esperança de medalha para o Brasil nesta reta final dos Jogos. Ela completou seu quinto ciclo olímpico, iniciado em nos Jogos de Pequim 2008 com apenas 16 anos e um quinto lugar. Em Londres 2012, ela não se classificou; em casa, na Rio 2016, foi décima. No último ciclo em Tóquio 2020, a brasileira subiu ao topo do pódio desbancando a atual campeã da época, Van Rouwendaal. Ana foi campeã com tempo de 1h59m30s8 – e só liderou a prova nos últimos dois quilômetros.
Neste ano, Ana Marcela vinha vem de um título na Copa do Mundo de Águas Abertas; Viviane Jungblut, bronze nos Jogos Pan-Americanos de Lima em 2019 e Santiago 2023, ficou com o prata na competição. A gaúcha fez sua estreia em Olimpíadas na disputa desta quinta no rio Sena.
A correnteza também impactou bastante a prova, já que metade do trajeto foi feito contra o curso do rio Sena e, portanto, exigiu mais esforço físico das atletas. O Brasil, por exemplo, chegou a optar por não treinar no rio – e sim em piscinas, um ambiente mais controlado.
A prova
Moesha Johnson liderou a primeira volta, apesar de uma aparição provisória da portuguesa Angélica André – Viviane apareceu em quarto lugar e Ana Marcela, no 20º. Na conclusão do primeiro 1,5 km, Ana já era sexta colocada, abdicando da pausa para a primeira hidratação; Jungblut era décima. No marco dos 2,5km as brasileiras ascenderam respectivamente ao terceiro e sexto lugares.
Sharon van Rouwendaal assumiu a liderança, mantendo a dianteira na volta seguinte. Viviane se afastou do resto do pelotão enquanto Ana Marcela completou o giro em sétimo lugar. As duas, porém, se mantiveram no pelotão das líderes – dentro do top 10.
Johnson seguiu nadando próxima à van Rounwendaal com uma distância considerável para o resto das competidoras até ultrapassá-la quando a prova completou 1h. A dupla era seguida pela japonesa Airi Ebina – que foi de 16º a 3º em duas voltas e meia. Em seguida, a posição foi ocupada na volta 3,5 pela italiana Ginevra Taddeucci, que começou do segundo lugar e manteve-se perto das líderes.
Ana Marcela completou a metade da disputa ocupando a quarta colocação – e, desta vez, parou para se hidratar. Ela chegou a perder sua posição para a australiana Chelse Gubecka, mas recuperou-se; três colocações atrás estava Viviane Jungblut, mas a gaúcha perdeu ritmo no fim.
Enquanto a líder via Van Rouwendaal reduzir sua desvantagem, a campeã de Tóquio aumentou a frequência de braçadas no penúltimo giro, mantendo a posição no pelotão intermediário e descontando 0s6 em relação à Johnson. A holandesa conseguiu superar Johnson no quilômetro final e garantiu seu bicampeonato olímpico.