Bandeirantes/MS, 25 de abril de 2025

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Responsáveis pelo Nasa Park não são localizados para audiência e família que perdeu tudo segue sem resposta

Família foi uma das 11 afetadas pelo rompimento de barragem, ocorrido em agosto de 2024

Às vésperas de audiência de conciliação, em ação movida por família que perdeu R$ 277 mil após a tragédia do rompimento da barragem do Nasa Park, ocorrida em 20 de agosto do ano passado, nenhum responsável pelo empreendimento milionário foi localizado pela justiça.

Há oito meses, Gabriele do Prado e sua família aguardam pelo ressarcimento dos bens perdidos para a lama. Até então, declara não ter recebido nenhum auxílio por parte dos responsáveis pela tragédia, tampouco uma resposta sobre o paradeiro deles.

De acordo com a advogada responsável pela ação da família, em janeiro o juiz determinou o pagamento de quatro salários mínimos a título de antecipação de tutelas para Gabriele, seu pai, seu marido e seu irmão, além do valor de indenização, que está em torno de R$ 800 mil. De acordo com Gabriele, o pagamento deveria ter sido efetuado no dia 5 de fevereiro. Na ocasião, chegou a ser solicitado uma conta para receber os valores, mas o pagamento não foi efetuado. No final de março, foi marcada a audiência de conciliação e para receber a antecipação de tutela para o dia 23 de abril, no entanto, a intimação voltou, porque ninguém da empresa recebeu. “Até hoje não foram encontrados proprietários para serem notificados dessa audiência de amanhã, mas a gente tem que ir mesmo eles não indo. Ou seja, a gente vai ter o gasto combustível e infelizmente eu não sei se vai sair alguma coisa amanhã, já que os proprietários não vão estar presente”, lamenta Gabriele. Família vive sem saber o que esperar do ‘amanhã’O sustento da casa vinha através da criação de animais e plantação de mandioca e milho. Com o rompimento da barragem, eles perderam tudo. Ao todo, a família perdeu R$ 277 mil em propriedade e pertences. Agora, Gabriele e a família sobrevivem do salário do marido da produtora rural e da aposentadoria do pai. O dinheiro, no entanto, não é o suficiente para custear os gastos, principalmente com os filhos de Gabriele.

Mãe de quatro crianças, o mais velho tem laudo de TEA (Transtorno do Espectro Autista), enquanto os dois filhos do meio fazem acompanhamento médico, e ainda não tem laudo fechado. Quando a fralda das crianças acaba, Gabriele menciona que precisa apelar para lençóis. Além disso, um dos filhos tem seletividade alimentar, o que complica ainda mais a situação. “Faz mais de 3 meses que não tenho como manter as coisas que eles comem. A compra é para duas casas e é toda picada. Conforme tem um dinheiro, vai e compra um gás, dois pacotes de arroz. Na outra semana compra mais alguma coisinha. Estamos vivendo literalmente sem saber o dia de amanhã”, relata.

Gabriele está ‘afogada’ em dívidas Em outubro do ano passado, a sogra de Gabriele chegou a pedir um empréstimo de R$ 20 mil para ela conseguir colocar as contas em dia, que se acumularam devido à perda dos meios de renda da família. Em dezembro, o dinheiro chegou ao fim e a dívida do empréstimo ficou, além de novos débitos, como luz, água e aluguel, que foram chegando.Como perderam a casa, Gabriele e a família agora vivem de aluguel na cidade, mas mal conseguem custear o básico para viver com dignidade. Tudo na casa é regrado, desde a comida até o gás e a gasolina. “Falta leite, fralda, gasolina, então, nem se fala. Vivo empurrando o carro até chegar no posto. A luz eu nem sei quando vou pagar, já foi renegociado e parcelado várias vezes. Ta tudo virando uma bola de neve”, detalha. Indenização é única ‘salvação’ Para desafogar as dívidas, Gabriele relata que precisa do valor da indenização, para conseguir limpar a propriedade da família e ter capital para investir novamente na criação de animais e na plantação.

Por conta da lama, a terra, que antes era fértil para cultivo, está danificada e precisa ser cuidada para cultivar novamente. Apesar da dificuldade, Gabriele se mantém confiante em relação à indenização, e tem esperança de receber, mesmo que o processo se arraste por mais alguns meses. “Se vamos receber o valor de tudo que a gente perdeu, não sabemos. Mas eu vou fazer com que a justiça seja feita e que quem causou isso, seja punido na justiça do homem. O que eu fico triste é que meu pai, há mais de 40 anos aqui, perdeu tudo e pode não ver a gente ganhar esse processo, mas eu tenho fé que vamos ser indenizados”, declara. A reportagem do Midiamax procurou a assessoria da A.A Empreendimentos Imobiliários, citada como responsável pelo Nasa Park, para questionar a respeito da participação dos responsáveis da empresa na audiência marcada para esta quarta-feira, mas não teve retorno. O espaço segue aberto para manifestação.

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