Bandeirantes/MS, 28 de abril de 2025

Redes Sociais

A batalha contra o Facebook vai começar

A 3D plastic representation of the Facebook logo is seen in this illustration in Zenica, Bosnia and Herzegovina, May 13, 2015. Facebook announced deals with nine publishers -- including NBC News, the New York Times and BuzzFeed -- to deliver select articles "instantly" on mobile apps. A next logical step for the social giant would be to extend the program to Internet-video providers. Under the Instant Articles program, Facebook caches content on its servers so that it loads up to 10 times faster than regular article posts, which take an average of eight seconds to access. The other launch partners in the program are National Geographic, The Atlantic, the U.K.'s Guardian, BBC News, Spiegel and Bild. REUTERS/Dado Ruvic - RTX1CSWI

Uma decisão importante, tomada esta semana pelo juiz Jeb Boarsberg, da Corte Distrital de Columbia, pode ter virado a sorte negativamente para o Facebook. O mesmo juiz, apenas seis meses atrás, havia derrubado um processo proposto pelo FTC, a agência americana de regulação do comércio, contra a empresa de Mark Zuckerberg. Argumentava que não fazia sentido sequer ir a julgamento. O pedido foi reescrito, e na quarta-feira Boarsberg reviu sua decisão. Concordou que os indícios de abuso de um monopólio são fortes o bastante para que um tribunal se debruce sobre o problema. Em essência, ele reescreve a jurisdição sobre antitruste consolidada nas últimas cinco décadas.

A decisão é relevante por duas razões. A primeira é que a Corte Distrital de Columbia é importante. Sua área geográfica de atuação é pequena, só Washington, mas quem deseja questionar a constitucionalidade nacional de qualquer decisão precisa apresentar lá o problema. Há uma Corte de Apelações imediatamente acima e depois a última instância, a Suprema Corte Americana.

O outro motivo é a reavaliação do que diz a Lei Antitruste acatada pelo juiz Boarsberg. Quando rejeitou a ação proposta pel FTC, ele afirmou que em momento algum a agência havia demonstrado que o Facebook é um monopólio. A questão é duplamente complexa. Primeiro, porque não basta ser monopolista. Monopólios não são ilegais em nenhuma democracia. Crime há se a posição monopolista é utilizada para causar dano aos consumidores. E, segundo as decisões das últimas décadas, este dano invariavelmente se mostrava na forma de aumento de preços.

Mas, ora: o Face é um serviço gratuito. O FTC provou monopólio com dados de participação no mercado. O que a agência deseja é reverter a compra de Instagram WhatsApp. O Face, se o Estado vencer, terá de vender estas duas peças cruciais do seu negócio.

O argumento da agência é de que sem concorrência o Facebook se sente livre para abusar do direito à privacidade de seus clientes. Nós. Não só. O aplicativo de compartilhamento de fotografias do próprio Face foi extinto com a compra do Instagram. Temos, portanto, menos opções no mercado. A publicidade é cada vez mais intensa na plataforma também.

Em essência, um monopólio traz prejuízos aos consumidores que não se limitam ao aumento de preços. O serviço cai de qualidade e os abusos aumentam. Que um juiz tenha comprado o argumento não é um problema só do Facebook. É de todas as grandes empresas do Vale que oferecem serviços gratuitos — ou muito baratos. A batalha vai começar.

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